quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Mãos à obra com as ferramentas certas


Em quase todo o capítulo 6 do Evangelho de São João, Jesus fala da Eucaristia. Ele revela que vai dar Sua carne a comer e ela será verdadeira comida; diz também que vai dar Seu sangue a beber e ele será verdadeira bebida; e acrescenta que quem comer sua carne e beber Seu sangue vai permanecer nEle e Ele nessa pessoa. E o Senhor ainda promete: “Eu o ressuscitarei no último dia”.

Mas Ele começa tudo dizendo:

“Todos os que o Pai me dá virão a mim, e aquele que vem a mim, eu não o rejeitarei. Pois eu desci do céu para fazer, não a minha vontade, mas a vontade d´Aquele que me enviou. Ora, a vontade d´Aquele que me enviou é que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas que eu os ressuscite no último dis” (Jo 6, 37-39).

Qual é a vontade do Pai? Que Jesus não perca nenhum daqueles que Ele lhe deu.

No versículo 40, do mesmo evangelho, Jesus confirma:

“De fato esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 40).

Jesus não quer perder você nem ninguém da sua família! Ele não pode e não quer perder ninguém, pois essa é a vontade do Pai.

Mas não podemos ignorar a guerra que vivemos. O inimigo tem sido agressivo; seu objetivo é arrancar-nos das mãos do Senhor. Para isso, ele tem utilizado meios desleais e entrado em nossas casas para roubar nossos filhos. A violência é uma das grandes conseqüências.

Numa pesquisa da ONU, uma cidade do Brasil foi considerada o lugar mais violento da face da terra. E não é o Rio de Janeiro, como você logo poderia pensar. A violência que existe no mundo não é apenas externa, com crimes e mortes: a violência está em nossos lares. O inimigo está atacando com tudo, como os soldados de Herodes, no tempo de Jesus, entravam nas casas e matavam as crianças com menos de 2 anos, arrancando-as dos braços de suas mães. É dessa violência que estamos falando. Trata-se de matança de inocentes. Nossos filhos têm sido raptados de nós e exterminados em nossa frente...e não sabemos o que fazer.

Certa vez, construímos uma parede que iria servir de arrimo, reforçando-a com bastante cimento e ferragens. Um dia, terminado o horário de serviço, os pedreiros foram embora, e vieram as crianças!...Fizeram tanta bagunça que por pouco não puseram o muro abaixo! Quase perdemos um dia inteiro de serviço. É essa brincadeira que o mundo está fazendo conosco! Você constrói a vida inteira, com lágrimas, com suor e dor; constrói um casamento, uma família, um lar e, de repente, vem o mundo e, na brincadeira, põe tudo a perder.

É um mundo terrivelmente agressivo! Por isso, não podemos usar um método qualquer para resgatar os nossos. Então, o que fazer? Acompanhe-me num pouco da história:

Quando os judeus voltaram do exílio, a cidade de Jerusalém havia sido totalmente destruída: as casas e o templo incendiados e as muralhas derrubadas. Eles choraram. Mas não adiantava simplesmente chorar pela destruição; era preciso por “mãos à obra”. E não foi fácil! Para eles que foram encarregados de reconstruir a cidade de Jerusalém, o Senhor disse: “Não pelo poder, nem pela força, mas por meu Espírito” (Zc 4, 6b).

Impulsionados por essa palavra, eles puseram “mãos à obra”, não sem dificuldades, pois os inimigos constantemente buscavam derrubar o que eles conseguiam construir. Por isso: “Os que construíam a muralha e os que traziam e carregavam as cargas, com uma mão trabalhavam e com a outra seguravam uma arma” (Ne 4, 11). Eles nem voltavam para casa, para dormir. Dormiam vigiando a construção para que o inimigo não aparecesse e destruísse tudo o que eles haviam construído durante o dia.

Pais e mães, filhos e filhas, esta deve ser nossa posição: é urgente defender nosso lar. Diante da violência de que somos vítimas, assumimos o que o Senhor diz: “Não pelo poder, nem pela força, mas por meu Espírito, é que se fará esta obra”. A reconstrução da sua família vai se fazer pelo Espírito, eu diria até, vai se fazer pela violência do Espírito.

Somos os reconstrutores de nossas casas; trabalhando com ferramentas numa das mãos e com armas na outra, porque o inimigo está constantemente tentando destruir o que ainda está em construção. Até o que hoje tentamos reconstruir, o inimigo vem e destrói. Não podemos permitir isso! É preciso estar constantemente construindo com ferramentas e defendendo com armas, armas espirituais!

A oração – Precisamos ser orantes! Nossa Senhora tem insistido conosco sobre a importância do rosário. O problema é que não compreendemos seu valor; achamos que o rosário é uma simples repetição de pais-nossos e ave-marias, meditando os mistérios. Na realidade, quem torna eficaz essa forma de oração não somos nós: é Deus.

Como acontece na Eucaristia: antes, é simples pão, feito com um pouco de farinha e água; mas, após a consagração, pela ificácia do poder do Espírito, torna-se Jesus vivo no meio de nós.

A eficácia do rosário não vem dos homens, mas do céu.

A recitação do rosário vem desde 1200. Nossa Senhora revelou a São domingos a eficácia, a “violência” do rosário. Havia, na época, hereges que faziam mal à Igreja, sem que ninguém conseguisse detê-los. São Domingos ia de cidade em cidade, a todas as paróquias, rezando o rosário com as pessoas, e a situação começou a mudar. Como resultado, os hereges começaram a se converter.

Basta lembrar o que Nossa senhora falou em Lourdes, em Fátima e o que tem falado em Medjugorje. Até quando ela vai ter de insistir conosco para que compreendamos o valor dessa oração?! Não esperemos ter tempo! Lavando roupa, cuidando da casa, indo para o trabalho... você pode ir rezando o rosário. Você pode também rezar um mistério, depois outro, e outro...

Diante da violência que enfrentamos, é preciso, como aqueles homens nos tempos de Neemias, estar o tempo todo reconstruindo nossas famílias, com ferramentas numa mão e armas na outra. Uma delas é o rosário!

Os reconstrutores eram homens e mulheres, meninos e meninas; eram famílias. Quando anoitecia, ninguém voltava para casa: eles dormiam ao pé da muralha, protegendo o que haviam construído durante o dia. Cansados, depois que escurecia, ficavam orando até que todos adormecessem. É assim que o Senhor quer que nós vivamos em família: em austeridade. Temos de ser famílias profundamente comprometidas com o trabalho.

Se você não tem o emprego de que gostaria, procure outra coisa para fazer. É claro que você precisa de um trabalho remunerado, mas na obra do Senhor não falta serviço... Arrisque-se a trabalhar pelo Senhor e você verá se o Senhor lhe dará ou não um emprego remunerado! O problema está todo aqui: não temos a coragem de nos arriscar e confiar na Palavra que diz: “Procurai primeiro o Reino e a justiça de Deus, e tudo isso vos será dado por acréscimo” (Mt 6, 33). A justiça de Deus é ver nossas famílias reconstruídas. É isso que Jesus diz: “Ora, a vontade d´Aquele que me enviou é que eu não perca nenhum dos que ele me deu...” (Jo 6, 39a). Invista sua vida no Reino e na justiça de Deus e comprove como ele dará todo o resto em acréscimo.

Extraído do Livro:
Considerai como crescem os Lírios! – a Providencia divina
(Mons. Jonas Abib – Editora Canção Nova)

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